Ameaças relatadas
O deputado mineiro André Janones (Avante-MG) oficiou a Procuradoria Parlamentar da Câmara. No ofício, comunicou que está sendo alvo de uma série de ameaças. A notícia foi divulgada no blog do Noblat, no Portal Metrópoles, e repercutida pelo próprio deputado em seu canal de Telegram.
Janones contou ao Blog do Noblat que essas ameaças já vem de alguns meses. Segundo ele, atualmente, elas são mais de 300. Segundo o deputado, elas começaram logo que renunciou à sua candidatura à Presidência e decidiu apoiar Lula.

O parlamentar afirmou que as ameaças atingem até mesmo seus familiares. Segundo Janones, as ameaças chegaram à sua mãe, que vive no interior de Minas Gerais.
“Sempre recebi essas ameaças, em toda a campanha. Mas nunca divulguei porque entendo que seria dar palco para esse pessoal. Ameaças que chegam de várias formas. Até ameaças a minha mãe. Entendo que divulgar antes, seria até campanha para eles isso” – disse Janones ao blog do Noblat.
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Janones apoiador de Lula
A trajetória de Janones a nível nacional, sempre incomodando setores conservadores e de extrema direita, remonta o contexto da pandemia. Ali, o deputado mineiro se destacou como ferrenho defensor do Auxílio Emergencial de R$600,00.
À época, uma live de Janones bateu vários recordes de visualizações no Facebook. Cabe sublinhar que a proposta do governo Bolsonaro para o Auxílio Emergencial era de R$200,00. O valor três vezes maior que isso foi uma proposta da oposição, e deputados como o mineiro do Avante conseguiu ali uma grande projeção.
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Mas seus embates com bolsonaristas se intensificaram quando ele começou a apoiar a campanha do candidato eleito à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Se em 2018 muitos especialistas entendiam que as campanhas de esquerda perderam feio para o bolsonarismo nas redes sociais, Janones ajudou o campo progressista a obter uma espécie de virada.
O mineiro do Avante foi um dos grandes responsáveis por dar dinamismo à campanha de Lula pelas redes sociais.
“Janonismo cultural”
Foi nesse contexto que o campo progressista cunhou o termo “janonismo cultural”. Ele se refere, grosso modo, a uma tática usada por Janones nas redes que replicaria as táticas bolsonaristas, de certa forma.
Ainda que o campo progressista faça críticas do ponto de vista ético, como no uso de fake news ou de notícias reais apresentadas de forma sensacionalista ou descontextualizada, o “janonismo cultural” conseguiu colocar os bolsonaristas em situação defensiva.
Janones foi releito em Minas Gerais como deputado, tendo quase 300 mil votos. Deve compor a base de apoio do governo Lula no Congresso.
Outros parlamentares que andam com escolta policial
Infelizmente, casos como o de Janones não são novidade da política brasileira. O deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), por exemplo, tem toda a sua trajetória política marcada pela necessidade de escolta policial.
Isso porque seu caminho na política começou na CPI das milícias, no Rio de Janeiro. Por conta de sua atuação contra essas facções criminosas, até hoje recebe ameaças de morte. Em 2018, sua então companheira de partido, a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi assassinada, possivelmente por milicianos, como indicam informações da investigação, ainda inconclusa.

Segundo levantamento publicado pelo Terra de Direitos, o número de casos de violência política e eleitoral registrados no Brasil nas eleições de 2022 é 400% maior que o registrado em 2018.
O levantamento considera o período entre 2 de setembro de 2020 e 2 de outubro de 2022. Nesse recorte, foram mapeados 523 casos ilustrativos de violência política envolvendo 482 vítimas. Esses casos envolvem representantes de cargos eletivos, candidatos/as ou pré-candidatos/as e agentes políticos no Brasil.