Declaração de Iza no podcast
Na última terça-feira (18), no podcast Quem Pode, Pod, a cantora Iza se declarou demissexual. Giovanna Ewbank, apresentadora, também se declarou demissexual à mesma ocasião.
“Demora muito para eu querer transar com alguém, acho que só se eu tiver muita conexão com a pessoa. Eu achei que era só um negócio de esponja, de: ‘Eu absorvo a energia das pessoas’. Eu transei uma vez, foi tranquilo, mas eu fiquei: ‘Meu Deus, eu fui violada, invadida’. Eu demorei para entender que não tinha nada a ver com o boy”, disse Iza.
Logo depois disso, o termo ganhou os Trendig Topics do Twitter. Entre comentários, desabafos ou declarações de todo tipo, houve também bastante estranhamento sobre o termo.
Ser demissexual é um inferno. Tentar explicar é ainda pior. “Isso é comum, todo mundo é assim”, mas meu anjo, entenda: não sinto atração sexual!Tenho NOJO só de pensar beijar qualquer um. E outra se é comum pq se alguém que vc acha atraente respirar do teu lado cê já fica no cio?
— chrys ☀️ (@kuristtal) October 19, 2022
Demissexualidade NÃO É sobre você só transar com quem tem conexão. É sobre só sentir ATRAÇÃO com conexão. Eu como demissexual posso achar aquela pessoa a mais linda do mundo, mas eu não vou me sentir atraída por ela.
Particularmente, eu tenho asco até de beijar desconhecides+
— fada-vampira tentando editar (@lais_lacet) October 19, 2022
Mas, afinal, o que quer dizer o termo demissexual?
Demissexual: o que é?
A Demissexualidade é um termo de um dos vários espectros da assexualidade. Essa condição se caracteriza pelo surgimento de atração sexual somente quando existe envolvimento ou conexão emocional ou afetiva com essas pessoas.
O termo assexual, que começou a ganhar visibilidade muito recentemente, grosso modo define pessoas que não sentem atração sexual por outras. A questão é que o “não sentir atração sexual” possui muitas nuances e espectros.

No caso da demissexualidade, ela se localiza no que se chama de “área cinza” da assexualidade. Ou seja, existem variantes ou condicionantes específicos dessa condição. No caso da pessoa demissexual, a atração está diretamente condicionada a se ter uma conexão e intimidade com outra pessoa.
Sem isso, essas pessoas raramente sentem vontade de se relacionar. Quando o fazem, como no relato de Iza, sentem-se desconfortáveis, ou mesmo invadidas ou violadas.
Cabe também ressaltar que a demissexualidade não está relacionada a gênero ou sexo biológico específico. É comum que tais pessoas despertem sua atração erótica e afetiva se dê pela conexão e intimidade obtida com outra pessoa, sem depender de seu gênero ou sexo biológico.
Origem do termo
Para se saber de onde vem o termo, é preciso visitarmos um binômio que define dois opostos da sexualidade humana. No caso, os Alossexuais e os Assexuais.
Alossexual define pessoas que geralmente sentem atração sexual mais fácil e regularmente. Isso por qualquer indivíduo que o/a interesse, com o mínimo de estímulo. A maioria das pessoas, heterossexuais, homossexuais ou bissexuais é alossexual, no caso.
Já os Assexuais, como dissemos acima, seria a pessoa que não sente atração sexual por outra pessoa sob nenhum estímulo.
Assim, a Demissexualidade seria o “meio termo” entre um e outro. O próprio nome diz isso. O termo é derivado de “demi”, que em francês quer dizer justamente “meio”, “metade” etc.

Dessa forma, grosso modo, o termo definiria alguém cuja atração sexual não é regular e facilmente despertada. Ela possui condicionantes relacionados ao grau de intimidade obtido com outra pessoa, além de aspectos de sua personalidade.
O que a sexologia diz a respeito?
Para entender isso, o portal Elastica ouviu o terapeuta sexual André Almeida. Segundo ele, “a assexualidade é uma orientação sexual normal dentro do espectro gigantesco do que é sexualidade”. Porém, dentro disso, essas pessoas podem e devem ser orientadas no sentido de lidarem, por exemplo, com pressões sociais, familiares etc.
Isso por que muitas vezes a ideia de não sentir atração sexual regularmente e sob estímulos mínimos é bastante mal compreendida. A pessoa assexual é muitas vezes vista como alguém doente, que precisa de ajuda.
Da mesma forma, essas pessoas costumam ser classificadas de forma jocosa e preconceituosa desde “como alguém que escolhe demais” até como quem passa por algum problema grave. Isso sem contar com pressões como, por exemplo, por passar por longos períodos sem se interessar por ninguém ou não demonstrar interesse somente por atributos físicos.
“Se não gera sofrimento, não é patologia”, disse Almeida sobre o assunto. Não se enquadrar em padrões socialmente considerados como norma, assim, não torna ninguém “anormal” ou, muito menos, doente.