Adultos fazem menos sexo hoje que no início dos anos 1990, mostra estudo

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Os adultos de hoje em dia têm feito menos sexo do que no princípio dos anos 1990. Isso ocorre de acordo com estudo publicado recentemente no periódico científico Archives of Sexual Behaviour. Ele pode ser lido aqui, em inglês. Os dados da pesquisa se referem a um recorte que cobre o período entre os anos de 1989 e 2014.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de San Diego, nos Estados Unidos. Os dados revelam alguns perfis importantes:

  • pessoas com parceiros ou parceiras fixos(as) ou estáveis mantêm mais relações sexuais que as que não tem;
  • pessoas mais velhas fazem menos sexo que as mais jovens. Em média, cada ano acima dos 25 anos implica 1,18 vezes menos sexo que no ano anterior;
  • o número acima, para se ter ideia, significa uma queda de 80 relações sexuais de média por ano entre a idade dos 20 anos até a de 60;
  • a atualidade fez com que aumentasse o número de pessoas jovens sem parceiros ou parceiras estáveis. Isso implica menos relações sexuais, na média;

Para realizar essa pesquisa, foram analisados dados de aproximadamente 26.600 pessoas nos Estados Unidos. Dessas,  cerca de 96% delas heterossexuais. Os dados foram coletados entre os anos de 1989 e 2014 por meio do General Social Survey (GSS).

Segundo os dados, 94% das pessoas participantes responderam, em uma escala de zero a seis, com que frequência praticavam sexo. Neste caso, sendo 0 “nunca” e 6 “mais do que três vezes por semana.

Geração que faz menos sexo: dados confirmam outras pesquisas

Há outra pesquisa que indica um quadro semelhante. Nesta, os dados foram apurados e analisados por cientistas do Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia, e pelo Departamento de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos. O estudo pode ser lido aqui, em inglês.

A pesquisa mostra que as décadas, apesar de terem havido diversas conquistas em relação à liberdade sexual, temos observado um “apagão sexual” entre jovens. Dados mostram que jovens de hoje fazem menos sexo que jovens de gerações passadas.

Para se ter uma ideia, alguns números. Segundo os dados da pesquisa, considerando-se a faixa etária de 18 a 24 anos:

  • 31% dos homens e 19% das mulheres disseram não ter tido relações nos 12 meses anteriores ao inquérito, do qual partiu a pesquisa;
  • em 2002, menos de 20% deles e 15% delas diziam não ter feito sexo nesse mesmo intervalo de tempo.

Voltando ao estudo anterior, da pesquisa feita na Universidade de San Diego. Segundo autores e autoras da pesquisa, os millennials, ou seja, pessoas que nasceram a partir de 1995, praticaram cerca de seis vezes menos sexo que as que nasceram na década de 1930.

Por que a geração Z está fazendo menos sexo? – off-lattes
Por que a geração Z está fazendo menos sexo? / Créditos: Off-lattes

Assim, diante desses dados, cabe a pergunta: por que adultos e jovens de hoje fazem menos sexo que das décadas anteriores?

Razões

As pesquisas aponta para algumas razões, algumas presumíveis, mas outras menos esperadas, sobre o “apagão sexual”. Vamos resumir aqui algumas:

Autonomia para dizer “não”

As pesquisas mostram que diante de avanços no diálogo sobre o sexo ou sobre corpos podem, de maneira indireta, terem contribuído para este quadro. No caso, fala-se de maneira inédita sobre questões como a cultura do estupro ou violências sexuais dentro do casamento.

Mais que isso, as pessoas hoje em dia têm maior liberdade para se manterem solteiras e sem relacionamentos o tempo que quiserem.

Além disso, há muitos jovens que optam por se casarem virgens, como no movimento Escolhi Esperar. Por sua vez, grupos como os assexuais possuem também visibilidade, algo que nunca tiveram.

Em síntese, tais avanços podem implicar numa melhora na qualidade, mas queda na quantidade de relações sexuais.

Banalização do sexo

A internet proporcionou um acesso direto e sem mediações ao conteúdo pornográfico. Hoje, alguns países já tratam como problema educacional e de saúde pública o consumo desse conteúdo por pessoas cada vez mais jovens.

O sexólogo Theo Lerner, ao jornal O Tempo, disse que esse aspecto contribui para a queda do interesse por sexo. Isso porque “a banalização da atividade sexual, que diminui o impacto da surpresa e da transgressão, que tinham maior importância para as gerações anteriores”, disse.

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Créditos: Freepik

Questões socioecômicas

No Brasil, um a cada quatro jovens de 25 a 34 anos ainda vive com a família, mesmo possuindo renda própria. O dado mais recente sobre o tema foi levantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em 2015. E como isso impacta em fazer menos sexo?

Isso é simples. Pessoas que ainda moram com os pais fazem menos sexo que as que moram sozinhas ou com parceiros/parceiras. Questões como privacidade, por exemplo, contam.

Mas isso é apenas uma parte do problema. Jovens são mais afetados(as) pelo desemprego e têm sido mais impactados(as) pela precarização do trabalho. Cabe ressaltar que essa geração também é bem mais escolarizada que as anteriores, e cresceu sob a promessa (não cumprida) de que estudando mais teriam condições econômicas melhores que seus pais.

Essa questão impacta em questões como a autoimagem, autoestima e outros problemas. No geral, isso também implica em menos sexo.

Distrações

Pode parecer estranho, mas dados de cientistas mostram que coisas como séries em streaming implicam em se ter menos sexo. Como? Não é um problema as séries em si, mas o fato de que elas existem num contexto em que pessoas são bombardeadas com distrações.

Todos os dias, séries, jogos, internet, notícias, redes sociais e tudo mais tomam tempo e atenção de bilhões de pessoas. A saúde mental e sexual nem sempre passa incólume por isso.

Trabalho e estudos

A crise de 2008 e o avanço do neoliberalismo fez com que pessoas trabalhassem mais, por menos dinheiro. Junto a isso, ainda existe a relação entre estudos e sucesso profissional, junto com um maior acesso ao ensino superior.

O resultado é que cada vez mais pessoas colocam sua vida sexual em segundo plano, em detrimento de trabalho e estudos.

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